domingo, 9 de novembro de 2014

O PRAGMATISMO DE PEIRCE

ROSILENE FIGUEIRA MIRANDA


O pragmátismo de Charles Sanders Peirce, é uma corrente filosófica americana, que surgiu nos primeiros anos na década de 1870.

Inicialmente Peirce e Willian James pensavam o pragmatismo de forma dualista,  “teoria e prática, pensamento e ação e, sobretudo, significação e verdade”. O pragmatismo era pensado como um método ou critério de significação. “O que se deseja, então, é um método capaz de determinar o verdadeiro sentido de qualquer conceito, doutrina, proposição, palavra, ou outro tipo de signo” (PEIRCE, 1983, p.6). Posteriormente, o pragmatismo passou a ser considerado como método, e como todo método pressupõe um objeto, dessa forma, o pragmatismo é um método de inquirição de qual e o que é o objeto, e sua interferência em nossa vida.

A inquirição é uma possibilidade de análise, diferente da investigação. Como o próprio Peirce destaca: “não podemos definir ciência como investigação, porque investigadores comumente têm objetos ulteriores e avaliam a verdade somente como um meio para a aquisição deles”(PEIRCE apud WALL, 2007, p. 22).

O pragmatismo por seu caráter livre das análises de conceitos, é um método lógico, com o objetivo de dar clareza às nossas ideias, do que nos é cotidiano, e afetam nossas condutas.

Para Peirce o objeto ao ser analisado precisa se pautar na experiência, que em sua concepção experiência diz respeito às categorias de pensamento, e as experiências em seus mais diferentes níveis. E após a primeiridade e secundidade, sobre determinado objeto analisado, por exemplo, ele afirma que a experiência possibilita mediar o objeto e seu significado, a terceiridade.

Segundo Peirce,  aplicação do método só se torna possível através da fixação da crença, que não pode ser confundida com dúvida, e afirma,

“A dúvida é um estado desagradável e incômodo, de que lutamos por libertar-nos e passar ao estado de crença; este é um estado de tranquilidade e satisfação que não desejamos evitar ou transformar na crença em algo diverso. Pelo contrário, apegamo-nos tenazmente não apenas a crer, mas a crer no que cremos. (PEIRCE, 1975, p. 77) .
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Para Peirce embora crença e dúvida sejam diferentes, se relacionam. Pois através de uma dúvida tentamos obter uma crença. Para o autor a crença não nos faz agir de modo imediato, enquanto que a dúvida nos coloca em uma situação de estímulo que vamos indagar até resolvê-la, para se chegar a uma crença. A esse esforço Peirce dá o nome de perquirição. A crença nos leva a agir de determinada maneira. Para ele as crenças existem porque solidificamos hábitos do cotidiano dentro de nós, esse hábito ele o caracteriza como fixação da crença. Na crença há um estado de comodismo.

É através da perquirição que podemos mudar as condutas, mudar crenças e hábitos.


Fazendo uma relação com a educação, o que se observa em muitas unidades escolares é justamente a fixação da crença, por toda comunidade escolar. Criam-se hábitos, não se instauram dúvidas, e principalmente, o professor se ele se acomoda nesse estado de crença, não possibilitará aprendizagens significativas para os alunos, aliás, nem para ele.  O processo de ensino e aprendizagem ficará estagnado. Se o professor não prestar atenção nos signos dos alunos, fica difícil a aprendizagem e a evolução do conhecimento. A tendência da maioria das escolas é usarem estímulos visuais para alfabetizar, e se esquecem dos sensoriais. 

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